Nome: tamanduá-bandeira

        Outros nomes populares: tamanduá-cavalo, papa-formigas-gigante, tamanduá-açú, jurumi ou jurumim e bandurra.

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Flickr. Fotógrafa – Rosa Gambóias. Tirada em 09 de setembro de 2015, pantanal brasileiro.

        Em tupi: tamanduá vem de tamãdu’á. Jurumi ou jurumim vem de yuru’mi, que signigica boca pequena. Tamanduá-açú em tupi significa tamanduá-grande.

Reino: Animalia

Filo: Choradata

Classe: Mammalia

Ordem: Pilosa

Família: Myrmecophagidae

Gênero: Myrmecophaga

Espécie: Myrmecophaga tridactyla

            Sinonímias: Myrmecophaga artata, Myrmecophaga centralis, Myrmecophaga jubata (Wilson, 2005).

Vulnerável (IUCN, critério A2c)*

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Imagem obtida no website o eco

    

Sobre o tamanduá-bandeira.

            Esse bicho simpático, é o maior da sua família e é bem popular no Brasil. “O comprimento do corpo é usualmente de 1 a 1,2 m, o comprimento da cauda varia entre 65 a 90 cm (Nowak, 1999 in Miranda, 2008) e o peso pode chegar a mais de 45 kg (Silveira, 1969 in Medri, 2006)”. Ocorre em vários países da América do Sul e em todos os biomas brasileiros (apesar de ser mais comum no cerrado). Não existem diferenças significativas entre os machos e as fêmeas, ou seja, a espécie não apresenta dimorfismo sexual (Nowak, 1983 in Miranda, 2008). A ordem a qual os tamanduás pertencem já foi alterada algumas vezes, primeiramente foi chamada Edentata,  uma referência a não possuir dentes, entretanto nesta mesma classe também se agrupavam os tatus e preguiças, que apresentam dentes, posteriormente o nome da ordem foi alterado para Xenarthra, que é a mais comum. “De fato, a característica que distingue esta ordem de outras é a presença de articulações adicionais entre as vértebras lombares, conhecidas como “xenarthrales” ou “xenarthrous process”, e a etimologia do nome Xenarthra vem de xenon= estranho, e arthros = articulação. São estas articulações que possibilitam aos membros deste grupo assumirem uma postura ereta sobre um tripé, formado pelos membros posteriores e cauda (Medri, 2006)”.. Atualmente esta ordem foi dividida, dando origem a duas outras ordens: Pilosa (tamanduás e preguiças) e Cingulata (tatus) (Gardner, 2005 in Medri, 2006).

            É muito fácil reconhecê-los principalmente pela sua pelagem, cauda e focinho comprido em forma de cilindro. A cor da maior parte do corpo é castanha escura acinzentada, já as patas dianteiras são brancas com duas listras pretas. Ele ainda possui “uma faixa preta com bordas brancas que inicia na região do peito seguindo pela lateral até o dorso (Eisenberg e Redford 1999)”. Já a cauda é grande e possui pelos compridos e grossos. A mesma funciona como um cobertor, sendo que às vezes quando cavam uma depressão no solo, deitam-se de lado e “colocam a cauda por cima do corpo para dormir. Tal comportamento deixa o animal mais quente e camuflado enquanto dorme (Shaw e Carter, 1980 in Medri, 2006)”. Seu focinho peculiar aloja uma língua comprida e pegajosa, capaz de aprisionar os cupins mais escondidos, no fundo dos túneis dos cupinzeiros.

           

O tamanduá-bandeira é um animal solitário, ou seja não vive em bandos ou em casal, como por exemplo grupos de quatis (Nasua sp). “Machos e fêmeas atingem a maturidade reprodutiva aos dois anos de idade, sendo que uma vez por ano a fêmea, após 190 dias de gestação, dá a luz a um filhote, que é carregado nas costas até aproximadamente seis meses de idade (Superina et al., 2010 in Sesoko, 2012)”. Ela está sempre próxima ao filhote durante o período de amamentação, que dura entre 4 a 6 meses, inclusive carregando-o nas costas enquanto caminha em busca de comida. Quando se recolhem para dormir, o filhote fica abrigado por baixo da cauda da mãe. O período entre uma gestação e outra é de aproximadamente 9 meses, e o filhote pode permanecer junto à mãe durante todo este período (Eisenberg & Redford 1999 in Medri, 2006).

            Hábitos e Alimentação.

            O tamanduá-bandeira tem músculos bem fortes. “Os membros anteriores são fortemente musculosos e possuem quatro dedos todos com garras, sendo as do segundo e terceiro dedos as maiores. Os membros posteriores apresentam cinco dedos com unhas curtas (Silva 1994 in Medri, 2006)”. Essas garras grandes e fortes são usadas principalmente na alimentação, para quebrar as duras paredes dos cupinzeiros ou para cavar em busca de cupins e formigas, sua principal fonte de alimento, mas também pode utilizá-las para se defender. Seu nome Myrmecophaga tridactyla, myrmeco significa formiga, phagos alimentação/comer, e tridactyla significa três dedos (referindo-se as três garras grandes dos membros dianteiros).

            Eles podem comer mais de 30.000 insetos por dia (Nowak, 1999 in Medri, 2006), são verdadeiros controladores da população de cupins e formigas, sendo portanto um animal imprescindível nos ecossistemas que habita, pois eles evitam um desequilíbrio ambiental uma vez que as formigas e cupins aumentam sua população muito rapidamente.

            Diferentes dos tamanduás-mirim (Tamanduá tetradactyla), que sobem em árvores, os tamanduás-bandeira possuem sua capacidade de escalada reduzida, tendo hábitos de caça predominantemente terrestre. Também apresentam um comportamento noturno ou diurno, “como parte do comportamento termorregulador, para evitar exposição nas horas mais quentes e mais frias do dia (Camilo-Alves e Mourão, 2006; Rodrigues et al., 2009 in Sesoko, 2012)” que varia de acordo com o clima, e frequentam desde campos abertos a matas densas.

 

Redução do vídeo ‘Brasil selvagem – festa do tamanduá”’ da Nat Geo Wild, para assistir ao vídeo completo acessar: https://www.youtube.com/watch?v=mhnqXeXEhH0 .

 

            Distribuição e Conservação.

            Apesar de ser relativamente comum ele já é considerado um animal em risco de extinção, seu risco é considerado como vulnerável para o Brasil, de acordo com a IUCN (União internacional para a conservação da natureza), o que quer dizer que, se não houver mudanças nos fatores que afetam a sobrevivência e reprodução destes animais, brevemente eles estarão correndo risco de extinção. Entretanto, em alguns estados como o Paraná, ele já é considerado como criticamente ameaçado de extinção, que é a categoria de maior risco de extinção, e em Santa Catarina (estado vizinho), ele é considerado regionalmente extinto, ou seja nesse estado ele não é mais encontrado na natureza. Isso se dá principalmente pela perda de habitat desses animais devido a ocupações ilegais nas matas, caça esportiva, queimadas e tráfico de animais. Assim também como falta de sinalização nas estradas que recortam as matas onde ele vive, ocasionando atropelamentos. (Medri, 2008)

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Georreferenciamento de Myrmecophaga tridactyla. Obtido no website rede speciesLink

Referências:

Agradecimentos a Nat Geo Wild sobre o vídeo “Brasil selvagem: festa do tamanduá” disponível em : https://www.youtube.com/watch?v=mhnqXeXEhH0, acessado em 19 junho de 2016.

Agradecimentos a rede speciesLink (http://www.splink.org.br) em 21 de Maio de 2016 às 22:06.

EISENBERG, J. F. & REDFORD, K. H. 1999. Mammals of the Neotropics: The Central Neotropics. Ecuador, Peru, Bolivia, Brazil. v. 3. The University of Chicago Press. 610p.

FONSECA-ALVES, C. E.; CARNEIRO, S. C. M. C.; VIDOTTO, V. T.. 2011. Reintrodução na natureza do tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) após osteossíntese de rádio e ulna. Estudos de Biologia: Ambiente e Diversidade, Pucpr, v. 32, nº 76, pág. 39-43. Disponível em: <http://www2.pucpr.br/reol/index.php/BS?dd1=5940&dd99=view>. Acesso em: 02 maio 2016.

MEDRI, I. N.; MOURÃO, G. de M.; RODRIGUES, F. H. G. 2006. Ordem Xenarthra. Mamíferos do Brasil. Londrina. Cap. 4. págs. 72-74. Disponível em: <http://www.uel.br/pos/biologicas/pages/arquivos/pdf/Livro-completo-Mamiferos-do-Brasil.pdf. Acesso em 10 maio de 2016.

MEDRI, I. M. 2008. Mamíferos: Myrmecophaga tridactyla Linnaeus. In: MACHADO, A. B. M.; DRUMMOND, G. M.; PAGLIA, A. P.. Livro vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Volume II, Brasília: Ministério do Meio Ambiente. pág. 711-713. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna-brasileira/lista-de-especies/livrovermelho.html>. Acesso em: 01 maio 2016.

MIRANDA, F. R. 2008. Pesquisa de anticorpos contra bactérias do gênero Brucella spp, Leptospira spp, Chlamydophila spp em tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla, Linnaeus, 1758), da RPPN SESC Pantanal, Parque Nacional da Serra da Canastra e Parque Nacional das Emas. Dissertação (mestrado) escola superior de agricultura Luiz de Queiroz. Piracicaba. 116 pág.

MIRANDA, F. R. et al. Avaliação do Risco de Extinção de Myrmecophaga tridactyla Linnaeus, 1758 no Brasil. Publicação on-line. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna-brasileira/lista-deespecies/7127-mamiferos-myrmecophaga-tridactyla-tamandua bandeira>. Acessada em 21 Maio de 2016.

MIRANDA, G.H.B. 2004. Ecologia e conservação do tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla, Linnaeus, 1758) no Parque Nacional das Emas. Tese (Doutorado em Ecologia). Universidade de Brasília, Brasília. 73p.

SESOKO, N. F. 2012. Estudo anatômico e imaginológico do braço e da coxa em tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla – Linnaeus, 1758) para a determinação de acesso cirúrgico. 97 f. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/99858>. Acesso em 21 Maio de 2016.

SILVA, F. 1994. Mamíferos Silvestres. Rio Grande do Sul. 2 ed. Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 244p.

website consultado: O ECO (Brasil). Entenda a classificação da Lista Vermelha da IUCN. 2014.

Disponível em: <http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/27904-entenda-a-classificacao-da-lista-vermelha-da-iucn/ >. Acesso em: 01 maio 2016.

* © The IUCN Red List of Threatened Species: Myrmecophaga tridactyla – published in 2014.

http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2014-1.RLTS.T14224A47441961.en

WILSON, D. E.; REEDER, D. M. (Ed.). 2005. Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference. Baltimore: Jhu Press.