Palmiteiro

Euterpe edulis Mart.

Divisão: angiosmermas.

Família: Arecaceae (Palmae).

 Euterpe edulis

Flora digital do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Fotógrafo — Sérgio Campestrini. RS, Lontras, mata de várzes úmida.

Sinônimos: Euterpe edulis var. clausa Mattos, Euterpe espiritosantensis H. Q. B. Fern.*.

Nomes populares: içara, ensarova, palmiteiro, ripa, ripeira (SC), juçara (SP), palmito-juçara, palmito-doce, palmiteiro-doce (Lorenzi, 2000).

Guarani: é conhecida com o nome de djedjy ete (Oliveira, 2010).

Distribuição geográfica: Nordeste (Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe), Centro-oeste (Distrito Federal, Goiás), Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo), Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina)*.

 

Euterpe edulis-estados

INCT — Herbário virtual da flora e dos fungos — Euterpe edulis georreferenciadas*.

Domínios fitogeográficos: mata atlântica*.

Tipo de vegetação: floresta ciliar ou galeria, floresta ombrófila (=floresta pluvial)*.

Características:

Altura: até 20 m (Lorenzi, 2000).

Tronco: reto, não estolonífero (não brota na base). Entre o término do tronco e a parte onde nascem as folhas, há uma seção verde, onde se encontra o palmito. Apresenta raízes adventícias junto ao solo que ajudam a escorar o tronco da planta.

Ramificação: monopodial ou racemosa, ou seja tem o estipe bem definido, apresenta copa formada por um tufo de folhas. No palmiteiro não referimos que ele tenha caule e sim, estipe não ramificado, com folhas terminais.

Folhas: alternas, recurvadas, pinadas (tem a forma de uma pena) com até 1,5 m de comprimento (Lorenzi, 2000).

Inflorescências: espádice eixo (ráquis) mais ou menos carnoso sobre o qual se inserem flores unissexuais e sésseis (como se estivessem grudadas na ráquis, pois não tem pedicelos) de 50 a 80 cm, ficam com a aparência de uma espiga. Na fase em que as flores vão começar a abrir (antese) esta inflorescência está protegida por uma grande espata (bráctea).

Flores: unissexuais, ou seja flores com um único sexo, ou masculinas ou femininas, mas ambas podem ser encontradas na mesma inflorescência na proporção de duas masculinas para uma feminina, com 3 a 6 mm de comprimento.

Fruto: drupa subglobosa, composta por um epicarpo (casca) pouco espesso, lisa, violáceo-escura, com polpa escassa encerrando uma semente (Carvalho, 2003).

Período de floração: setembro-dezembro (Lorenzi, 2000).

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Período de frutificação: abril-agosto (Lorenzi, 2000).

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Sistema sexual:

Sistema sexual: monóica, ou seja numa mesma planta encontramos flores masculinas e flores femininas.

Vetor de polinização (é o agente biótico ou abiótico que realiza a fecundação da flor, gerando o fruto): insetos (Morellato, 1991).

Dispersão (é a forma como essas árvores são replantadas na floresta): pode ser autocórica (quando o fruto cai no solo liberando a semente direto na terra) e/ou zoocórica (quando a dispersão é feita por animais). Vários mamíferos se alimentam dos frutos do palmiteiro, entre eles: morcegos (Artibeus lituratus), anta (Tapirus terrestris), porcos-do-mato (Tayassu pecari), serelepes (Sciurus aestuans), veado-mateiro (Ozotocercus bezoarticus). Também aves como: araçari-banana (Baillonius bailloni), gralha-azul (Cyanocorax caeruleos), jacu-guaçus (Penelope obscura), sabiás (Turdus itellinus), tucano-de-bico-preto (Ramphastos dicolorus) e répteis como o lagarto-teiú (Tupinambus spp). (kuhhkumann & Kuhn, 1947; Reis 1995; Zimmermann, 1999 in Carvalho, 2003)

Outras utilizações: nas construções como caibro, ripa, mourões. As folhas são usadas para artesanato e também fabrico de cadeiras. Paisagismo em geral.

Ração: as folhas servem como ração animal.

Alimentação humana: palmito, largamente usado na culinária em diversos pratos.

Apícola: as flores são melíferas, produzindo abundante pólen. (Reis et al, 1992).

Medicinal: na mata atlântica, o suco do caule é usado, internamente, contra dores de barriga para controlar hemorragias e, externamente, como antídoto para picada de cobras (Di Stasi, 2002)..

Referências:

*Arecaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB15712>. Acesso em: 18 Mar. 2016.

CARVALHO, P. E. R. 2003. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília: Embrapa informação tecnológica. Colombo/PR: Embrapa florestas. 1.039 p.

DI STASI, L. C.; HIRUMA-LIMA, C. A. 2002. Plantas medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica. Colaboradores Alba Regina Monteiro Souza-Brito, Alexandre Mariot, Claudenice Moreira dos Santos. – 2. ed. rev. e ampl. – São Paulo: Editora UNESP.

LEITMAN, P.; SOARES, K.; HENDERSON, A.; NOBLICK, L.; MARTINS, R.C. 2016. Arecaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB15712>. Acesso em: 18 Jan.

OLIVEIRA, D. 2010. Os movimentos migratórios dos guarani e antropogenia da mata atlântica: apontamentos sobre etnobotânica guarani e a flora do litoral catarinense. Anais do simpósio internacional de história ambiental e migrações. Florianópolis/SC.

PEREIRA, A. B.; PUTZKE, J. 2010. Dicionário brasileiro de botânica. Curitiba/PR. Editora CRV. 437 p.

REIS, M.S. & REIS, A. 2002. Euterpe edulis Martius (Palmiteiro) Biologia, Conservação e Manejo. Sellowia. Herbário Barbosa Rodrigues. Itajaí. SC.

REIS, M.S. 1996. Distribuição e dinâmica da variabilidade genética em populações naturais de palmiteiro (Euterpe edulis Martius). Tese ESALQ/USP. Piracicaba.