Puma concolor

Nome: leão-baio

Outros nomes populares: onça-parda, puma, suçuarana, onça-vermelha, leãozinho-da-cara-suja, onça-do-lombo-preto, bodera, leão-da-montanha, mossoroca, cougar. (AZEVEDO et.al, 2013; COSTA, 2010; ICMBio, 2011; REIS et.al, 2006)

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Reino: Animalia

Filo: Chordata

Classe: Mammalia

Ordem: Carnivora

Família: Felidae

Gênero: Puma

Espécie: Puma concolor (Linnaeus, 1771)

Sinonímia: Felis concolor (Linnaeus, 1771)

 

Etimologia

Puma é o nome comum da espécie em quéchua, uma língua nativa dos povos da região andina, na América do Sul. Seu significado parece ser “poderoso” ou “poder”. Enquanto que a palavra concolor significa “da mesma cor” e tem origem no latim (COSTA, 2010).

Os nomes populares também carregam história, leão-baio, por exemplo, faz referência a coloração do animal, já que baio em tupi significa “castanho” ou “moreno”. Suçuarana também tem origem na língua tupi e quer dizer “parecido com veado” ou “veado falso”, pois a coloração desta espécie é semelhante à dos veados-campeiros, espécie encontrada no Brasil (COSTA, 2010).

 

Estado de conservação da espécie

Desde de 2008, Puma concolor é classificada como uma espécie menos preocupante (Least Concern) na Lista Vermelha (Red List) da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

 

 

 

Deslocar-se com facilidade na copa das árvores (ICMBio, 2011). Logo, o leão-baio destaca-se não só pelo tamanho, mas também por sua agilidade.

A coloração da pelagem, a qual diversos nomes populares e inclusive o nome científico da espécie faz referência, é uniforme. Percebe-se, entretanto, que a região dorsal é mais escura do que a ventral e a parte interna dos membros (Azevedo et al., 2013). Na região dorsal pode ser visualizada a coloração do amarelo pardo ao avermelhado, porém também há indivíduos com coloração acinzentada, proporcionando um aspecto mais escuro ao animal (Logan & Sweanor, 2001 apud Azevedo et al., 2013). Nota-se que no nordeste brasileiro, a coloração da pelagem do leão-baio tende a ser marrom-avermelhada, enquanto que em áreas abertas tende a ser mais clara (Azevedo et al., 2013). A pelagem também varia conforme a idade, “sendo os filhotes com coloração clara e manchas escuras e conspícuas e os indivíduos jovens pálidos com manchas escuras nos flancos que vão clareando até o primeiro ano de idade” (Azevedo et al., 2013).

 

Área de vida

A área de vida de um animal é definida como o espaço onde ele realiza todas as suas atividades normais de forragear, reproduzir e criar sua prole (Burt, 1943 in Paula et al.2015). No que se refere ao leão-baio, a área de vida apresenta uma ampla variação de Estado de conservação de Puma concolor. Obtido no website rede RED LIST da IUCN.

 

Características gerais

O leão-baio é o segundo maior felino das Américas, ficando atrás apenas da onça-pintada (Panthera onca), e é também o quarto maior felino do mundo (Nowak, 2005; Sunquist & Sunquist, 2009 in Azevedo et al., 2013). Os machos são significativamente maiores do que as fêmeas, e o comprimento pode variar de 1,5 a 2,75m (ICMBio, 2011; Gay & Best, 1995 in Matte, 2012). O peso médio de um macho adulto varia entre 40 e 72 kg, enquanto que o peso das fêmeas pode variar de 34 a 48kg (Sunquist & Sunquist, 2009 in Azevedo et al., 2013). Nota-se também que o tamanho dos indivíduos varia em relação à latitude, de modo que, normalmente, os menores tamanhos corporais são de populações próximas ao Equador, enquanto que próximo aos pólos a tendência é que os indivíduos sejam maiores (ICMBio, 2011).

O corpo do leão-baio se caracteriza por ser alongado e esguio, a cauda é longa, a cabeça é pequena em relação ao corpo, a face é curta e as orelhas são pequenas, curtas e arredondadas (ICMBio, 2011; Matte, 2012). Outra característica bastante notável são as patas posteriores que são, proporcionalmente, as maiores entre os felinos. Elas possibilitam a espécie realizar grandes saltos, tanto em altura quanto em distância, escalar com insigne destreza, alcançar grandes velocidades em distâncias curtas e, também, quando necessário, tamanho podendo ter entre 32 e 1031 km² (Nowell & Jackson, 1996 in Castilho, 2010). Os machos tendem a ter áreas de vida maiores do que as fêmeas (Pierce et al., 2000, Silveira, 2004, Grigione et al., 2002 in Castilho, 2010). São raros os casos de fêmeas ocupando áreas maiores do que 100 km², ainda mais quando acompanhada de filhotes (Grigione et al., 2002 in Castilho, 2010).

A quantidade de espaço utilizada pelo leão-baio varia principalmente devido a disponibilidade de presas e a qualidade de preservação do habitat, sendo maior em áreas fragmentadas (ICMBio, 2011). O tamanho da área de vida também pode variar de acordo com as estações do ano e de região para região (Dickson & Beier, 2002 in Azevedo et al., 2013).

Cabe esclarecer que o tamanho consideravelmente grande e a dieta carnívora são os principais fatores que fazem com que este animal necessite de uma grande área para assegurar sua sobrevivência (Mazzolli, 1993).

 

Hábitos

Animal solitário e territorialista, formando pares somente na época reprodutiva (Sunquist & Sunquist, 2002 in Azevedo et al., 2013). Além disso, podem ser observados três ou quatro indivíduos juntos quando há mãe com filhotes jovens ou irmãos jovens (com porte adulto, a partir do 8º mês) em período de pré-dispersão (ICMBio, 2011).

O padrão de atividades é tipicamente noturno e crepuscular, com limitada atividade diurna (ICMBio, 2011; Hansen, 1992, Beier et al., 2005, Silveira, 2004, Paviolo et al., 2009 in Castilho, 2010).

A vocalização do leão-baio é semelhante à de um miado – não urra ou esturra como a maioria dos grandes felinos (ICMBio, 2011).

 

 

 

Alimentação

A dieta do leão-baio é exclusivamente carnívora, oportunista, alimentando-se de uma grande variedade de presas conforme a disponibilidade das mesmas no ambiente (Logan & Sweanor, 2001 in Azevedo et al., 2013; Currier, 1983, Iriarte et al., 1991, Oliveira, 1994, Graipel & Cherem, 1997, Brito, 2000, Wallauer et al, 2000, Silveira, 2004, Azevedo, 2008 in Castilho, 2010). Após serem capturadas, as presas são arrastadas de 0 a 80 metros do local de ataque e cobertas comumente com vegetação ou material disponível no local (Beier et al., 1995 in Castilho, 2010). Em geral, durante vários dias seguintes, o leão-baio retorna para se alimentar da carcaça, mas raramente se alimenta de carcaças que não caçou (Beier et al., 1995; Nowell & Jackson, 1996 in Castilho, 2010).

Na América do Norte o leão-baio costuma matar presas com peso entre 70 e 125kg, como alces, cabras montanhesas e veados-de-rabo-branco (Logan & Sweanor 2001, Murphy & Ruth 2010 in Azevedo et al., 2013). Já as subpopulações presentes nas regiões tropicais costumam consumir presas menores, em média de 15 kg, como: pacas, tatus, quatis, aves e répteis em geral; porém dependendo da disponibilidade podem vir a abater animais de maior porte como: veados, porcos-do-mato, capivaras e jacarés (Oliveira 2002, Crawshaw & Quigley 2002, Emmons & Feer 1999, Polisar et al. 2003, Martins et al. 2008 in Azevedo et al., 2013). Também há vários relatos de ataques de leões-baio a criações domésticas de médio e pequeno porte, as quais contam com: ovinos, equinos, suínos, caprinos, aves e bovinos (o leão-baio é capaz de atacar bovinos com idade inferior a 1 ano, aproximadamente) (Azevedo et al., 2013).

No Brasil a dieta é composta quase que exclusivamente de animais de pequeno a médio porte, possivelmente devido a sua competição com a onça-pintada (Panthera onca) (ICMBio, 2011). Entretanto, no sul do Brasil e demais locais onde a onça-pintada foi localmente extinta, o leão-baio representa o predador de topo de cadeia alimentar (Castilho, 2010).

Cabe ressaltar que as diferenças morfológicas e ecológicas entre o leão-baio e a onça pintada favorecem diferenciações no uso de recursos o que, consequentemente, reduz a competição. Assim, quando em um mesmo habitat essas espécies costumam diferenciar o tipo de presas que consomem e o local que ocupam, sendo que normalmente, nesses casos, as onças-pintadas caçam presas maiores (Chiaravalloti et al., 2010). Entre os felinos é bastante frequente a tendência de uma separação na ocupação de habitats, provavelmente devido ao comportamento territorial característico desta família (Moreno et al., 2006 in Chiaravalloti et al., 2010).

 

 

Reprodução

A maturidade sexual é atingida a partir dos 24 meses, em ambos os sexos (Currier, 1983, Nowak, 2005 in Azevedo et al., 2013). Quando em populações estáveis, as fêmeas raramente cruzam com mais de um macho em um mesmo estro (Hemker et al., 1984 in Castilho, 2010). A maioria dos estudos para a América do Norte apresentou uma proporção sexual de 2:1 (fêmeas: machos) adultos; para o sul do Brasil foi verificada a proporção de 1:1,2 (fêmeas:machos), incluindo adultos e sub-adultos (Mazzolli et al., 2002 in Castilho, 2010).

O período de acasalamento dura de 2 a 5 dias (Russel, 1980, Hemker et al., 1984, Beier et al., 1995, Sweanor et al., 2000 in Castilho, 2010). O estro é de 8 dias, enquanto que o ciclo de estro é de 23 dias (Russel, 1980, Hansel, 1992 in Castilho, 2010). O período de gestação é de 82 a 98 dias (ICMBio, 2011). Aparentemente os nascimentos ocorrem o ano todo (Russel, 1980, Beier et al., 1995 in Castilho, 2010). Nascem de um a seis filhotes por gestação, sendo que cada filhote tem cerca de 400g (Eisenberg &Redford, 1999; Oliveira & Cassaro, 1999; Nowak, 2005 in ICMBio, 2013). É comum, entretanto, na primeira ninhada ser gerado apenas um filhote (Nowell & Jackson, 1996 in Castilho, 2010).

Quando os filhotes atingem cerca de 18 meses, a mãe os abandona em um dos limites do seu território e se destina para o lado oposto, onde permanecerá de 2 a 3 semanas (Bier, 1995 in Castilho, 2010). Na dispersão os filhotes machos tendem a percorrer distâncias maiores do que as fêmeas ( Pierce et al., 2000, Lindzey et al., 1994, Sweanor et al., 2000 in Castilho, 2010). As fêmeas, normalmente, estabelecem seu território de adulto próximo ao da mãe (Lindzey et al., 1994, Sweanor et al., 2000 in Castilho, 2010).

 

Longevidade

O leão-baio geralmente vive de 8 a 10 anos (Hansen, 1992 in Azevedo et al., 2013). Entretanto, há registros de um indivíduo que atingiu os 13 anos (Currier, 1983 in Azevedo et al., 2013) e de uma fêmea na natureza com cerca de 15 anos (Mazzolli, 2010 in Azevedo et al., 2013).

 

Distribuição e Habitat

                                                                 Georreferenciamento de Puma concolor. Obtido no website rede speciesLink

 

O leão-baio é um dos mamíferos ocidentais vivos com área de distribuição mais extensa, sendo encontrado originalmente desde o oeste do Canadá até a região meridional da cordilheira do Andes, com exceção apenas do complexo das ilhas Caribenhas e algumas regiões do Chile (Currier, 1983 in Azevedo et al., 2013; ICMBio, 2011). Logo, nota-se a grande adaptabilidade desses animais em sobreviver em variados ambientes. De fato, “foi registrada a existência de pumas desde o nível do mar até 4000 metros de altitude, e de áreas desertas até florestas tropicais da América do Sul” (Currier, 1983 in Mazzolli, 1993).

Atualmente a espécie enfrenta uma drástica redução em sua distribuição, de modo a ser considerada pouco comum ou rara em diversas regiões (Emmons, 1999, Laundré & Hernández, 2010 in Azevedo et al., 2013). Deste modo, a espécie parece estar extinta ou extremamente ameaçada em toda a porção oriental da América do Norte, por exemplo. Assim, na América do Norte a espécie é encontrada apenas em regiões montanhosas (por isso, é também conhecida como leão da montanha) ou pouco populosas do oeste do Canadá e dos Estados Unidos da América (Currier, 1983, Sunquist & Sunquist, 2009 in Azevedo et al., 2013).

No Brasil a espécie se distribui por todos os biomas (Oliveira, 1994 in Azevedo et al., 2013). Entretanto, acredita-se que alguns ambientes da Caatinga, especificamente o semiárido nordestino, são locais de menor adequabilidade à ocorrência da espécie (ICMBio, 2011). As populações de leão-baio, mesmo sendo bem distribuídas pelo território brasileiro, estão bastante reduzidas ou mesmo extintas (Azevedo et al., 2013).

Em 2012, estimou-se que a população total de leão-baio no Brasil era de 327.814 indivíduos. Entretanto a população efetiva (N) correspondia a cerca de 3.489 indivíduos. O valor da população efetiva é o que de fato importa em termos da persistência das espécies a longo prazo, pois representa a quantidade de indivíduos que efetivamente contribuem com o pool genético (Frankham 1996, 2009 in Azevedo et al., 2013). Assim, aqueles que não irão produzir novos recrutas não devem ser contados, dentre estes estão os indivíduos: senis, suprimidos, jovens (não maduros) ou em subpopulações cujas densidades são muito baixas para que ocorra a fertilização ( IUCN, 2011 in Azevedo et al., 2013). Cabe salientar que “não se sabe o grau de conectividade entre as subpopulações do Brasil, não sendo possível, portanto, afirmar se as mesmas mantêm fluxo gênico entre si” (Azevedo et al., 2013).

Há poucos trabalhos que focam em estimativas populacionais, tanto pela dificuldade de se individualizar a espécie usando técnicas não invasivas, quanto pelo alto custo em capturar e monitorar os indivíduos (Azevedo et al., 2013). A coleta de dados também é dificultada devido ao comportamento noturno, solitário e elusivo do leão-baio (Chiaravalloti et al., 2010). Portanto, infelizmente, os trabalhos existentes são bastante pontuais (Azevedo et al., 2013). Mais estudos precisam ser feitos, pois só a partir do conhecimento da distribuição da espécie, aspectos ecológicos e comportamentais é que se pode oferecer suporte aos planos de manejo ou conservação para a espécie (Palmeira et al., 2008 in Chiaravalloti et al., 2010).

 

Conservação

Os carnívoros exercem o controle do tamanho populacional de suas presas, tanto por predação quanto por mudança no comportamento dessas enquanto buscam ser menos vulneráveis. Os herbívoros influenciam na estrutura da comunidade de plantas, ao se alimentar de plantas e sementes. A comunidade de plantas, por sua vez, influencia na distribuição, na abundância e nas interações de competição de espécies de aves, mamíferos e insetos que nelas se alimentam e/ou buscam refúgio (Miller et al., 2001 in Castilho, 2010). Assim sendo, é notável que os carnívoros regulam a população de herbívoros e, consequentemente, diminuem a pressão dos herbívoros sobre as plantas, de modo a influenciar na dinâmica de todas as plantas e animais de um ecossistema (Miller et al., 2001 in Castilho, 2010).

Os carnívoros também são de grande importância para que seja mantida a biodiversidade, pois ao se alimentarem preferencialmente de uma espécie superior competitivamente, regulam seu tamanho populacional e, indiretamente, protegem os competidores mais fracos da exclusão (Henke & Bryant, 1999, Miller et al., 2001 in Castilho, 2010).

Devido ao importante papel na regulação dos ecossistemas e na conservação da biodiversidade a presença de predadores nos ambientes é de central interesse na biologia da conservação (Miller et al., 2001, Terborgh et.al., 2001 in Castilho, 2010). Espécies, como o leão-baio, são “espécies-chave” para processos ecológicos, afinal sua escassez ou ausência podem causar danos irreversíveis ao ecossistema onde ocorrem (Caughley & Sinclair, 1994 in Paula et.al., 2015)

Além disso, os carnívoros, animais de topo de cadeia alimentar, como o leão-baio, são tipicamente espécies guarda-chuva e são indicadas como parâmetro para estabelecer diretrizes no que diz respeito ao manejo de ecossistemas (Estes, 1996, Noss et al., 1996 in Castilho 2010). Isso se dá porque os predadores normalmente demandam grandes áreas para suprir suas necessidades, as quais também são de ocorrência de inúmeras outras espécies, assim conservar uma espécie-topo implica a conservação das outras espécies que vem abaixo da pirâmide alimentar (Castilho, 2010).

Como comentado anteriormente, os grandes felinos têm grandes áreas de vida e, portanto, são extremamente vulneráveis à redução e fragmentação de áreas florestais (Sutherland, 2000, Pinto et al., 2006 in Paula et al., 2015). O isolamento geográfico das populações permite a uniformidade genética, a qual reduz a habilidade de se adaptar às mudanças ambientais e também gera fatores que se aliam para desencadear o processo de extinção, como a diminuição da fertilidade e maior susceptibilidade a doenças (Galetti et al., 2003, Wildt et al., 1987; Eizirik et al., 2001 in Paula et al., 2015).

Entre as maiores ameaças à sobrevivência dos felinos selvagens no mundo está a perda de habitats em virtude do crescimento urbano desordenado e da expansão da matriz agropecuária. Tais distúrbios estão relacionados de maneira direta a diminuição de presas naturais e o consequente aumento do conflito com humanos (Weber & Rabinowitz, 1996, Chiarello, 2000, Macdonald et al., 2010 in Azevedo et al., 2013).

No Brasil, nota-se que as ameaças às populações de leão-baio são oriundas não só da perda e fragmentação de habitat, mas também pela pouca qualidade dos fragmentos remanescentes. Também podem ser citados os problemas de eliminação de indivíduos por caça, em retaliação por predação de animais domésticos, queimadas e atropelamentos. Cabe salientar que o leão-baio é especialmente vulnerável à caça pois retornam nas carcaças de suas presas que podem estar envenenadas (Azevedo et al., 2013). Além disso, um estudo de dois anos na Amazônia, estimou o abate de 185 a 240 onças em retaliação a ataques às criações domésticas (Michalski et al. 2006 in Azevedo et al., 2013). A aproximação aos ambientes menos preservados, a qual é forçado o leão-baio pela perda de seu habitat natural, resulta também numa maior susceptibilidade a enfermidades advindas de animais domésticos como cães e gatos (ICMBio, 2011).

Os animais feridos em atropelamentos ou capturados por conflitos costumam ser levados ao cativeiro e dependendo de sua saúde ou condições comportamentais jamais voltam à natureza. Quando os filhotes chegam ao cativeiro estão fadados a viver o resto de suas vidas ali, pois não podem mais aprender a caçar (não contam com o auxílio da mãe) e também pela forte associação com o ser humano (Azevedo et al., 2013).

Portanto, é preciso que se desenvolvam mais pesquisas sobre a biologia do leão-baio, de modo que sejam fornecidas mais informações que permitam a orientação e o suporte a projetos de manejo e conservação da espécie e para a ampliação de áreas de proteção em habitats adequados (ICMBio, 2011). É preciso também desenvolver projetos de educação ambiental para que a população compreenda a importância da espécie, afim de sanar os conflitos diretos com seres humanos. Por fim, destaca-se que a melhor maneira de preservar a espécie é a partir da criação e ampliação de reservas naturais (Shafer, 1990 in Paula et al., 2015). A implementação de corredores ecológicos, os quais permitem a dispersão e o fluxo gênico entre as populações, também é essencial (Chetkiewicz et al., 2006, Sollman et al., 2008 in Paula et al., 2015).

 

Curiosidades

Espécimes fósseis indicam a existência do Puma concolor de 0.4 MA (Van Valkenburgh et al. 1990 in Matte, 2012); e, dados moleculares e estudos morfológicos sugerem que a origem da espécie seja datada entre o Mioceno Tardio e o Plioceno (intervalo de confiança entre 3.16 e 6.01 MA). Nessa segunda hipótese a espécie teria evoluído de um ancestral comum com a espécie vivente mais proximamente relacionada, o jaguarundi (Puma yagouaroundi), um pequeno felino (Johnson et al.2006 in Matte, 2012).

Tendo em vista características morfológicas, tipo de habitat e distribuição geográfica a espécie Puma concolor já foi dividida em até 32 subespécies (Young & Goldman 1946, Cabrera 1963 in Azevedo et al., 2013). Atualmente encontra-se desmembrada em seis grupos filogeográficos, definidos por Culver et al. (2000), sendo eles: P. concolor cougar (América do Norte), P. concolor costaricensis (América Central), P. concolor capricornensis (Sudeste da América do Sul), P. concolor concolor (Norte da América do Sul), P. concolor cabrerae (Centro da América do Sul), P. concolor puma (Sul da América do Sul). Deste modo, no Brasil há duas subespécies: P. concolor concolor, presente ao norte do rio Amazonas, e P. concolor capricornensis, presente no sul do rio Amazonas (Azevedo et al., 2013).

 

Referências:

Agradecimentos a rede speciesLink (http://www.splink.org.br) em 04 de setembro de 2016 às 16h30min.

 

AZEVEDO, F.C. et al. Avaliação do risco de extinção da Onça-parda Puma concolor (Linnaeus, 1771) no Brasil. Biodiversidade Brasileira, v.3, n.1, p.107-121, 2013. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/revistaeletronica/index.php/BioBR/article/view/377/285>. Acesso em: 02 set. 2016.

 

CASTILHO, C. S. Genética e Conservação do Leão-Baio ( Puma concolor) no sul do Brasil. 2010. 110 f. Tese (Doutorado) – Curso de Ciências Biológicas, Genética e Biologia Molecular, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/28431>. Acesso em: 05 set. 2016.

 

CHIARAVALLOTI, R.M. et al. Probabilidade de Ocupação e Separação Espacial entre Onça Parda (Puma concolor) e Onça Pintada (Panthera onca) na Borda Oeste do Pantanal. In: SIMPÓSIO SOBRE RECURSOS NATURAIS E SOCIOECONÔMICOS DO PANTANAL, 5., 2010, Corumbá. Disponível em: <https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/869060/1/sp17287.pdf>. Acesso em: 02 set.2016.

 

COSTA, H.C. Esta onça vai se chamar….Ciência hoje das crianças, 2010. Disponível em: <http://chc.org.br/essa-onca-vai-se-chamar/>. Acesso em: 02 set. 2016.

 

INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE (ICMBio). 2011. Sumário Executivo do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Onça-parda. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/docs-plano-de-acao/pan-onca-parda/sumario-on%C3%A7aparda-icmbio-web.pdf>. Acesso em: 05 set. 2016.

 

MATTE, E.M. Filogeografia de Puma concolor (Carnivora, Felidae) na América do Sul. 2012. 117 f. Tese (Doutorado) – Curso de Ciências Biológicas, Genética e Biologia Molecular, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/84935>. Acesso em: 05 set. 2016.

 

MAZZOLLI, M. Ocorrência de Puma concolor (Linnaeus)(Felidae, Carnivora) em áreas de vegetação remanescente de Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, v. 10, n.4, p. 581-587, 1993. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-81751993000400002>. Acesso em: 02 set. 2016.

 

PAULA, T.A.R. et al. Aspectos do uso territorial por onça parda (Puma concolor), através de monitoramento via satélite, na região do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, MG. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.67, n.1, p.80-88, 2015. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-09352015000100080>. Acesso em: 02 set. 2016.

 

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