Ontem floriste como por encanto,

sintetizando toda a primavera;

mas tuas flores, frágeis entretanto,

tiveram o esplendor de uma quimera.

Como num sonho, ou num conto de fada,

se transformando em nívea cascata,

tuas florzinhas, em sutil balada,

caíam como se chovesse prata…

(Sílvio Ricciardi)

Ipê-amarelo

Handroanthus albus (Cham.) Mattos.

Divisão: angiospermas.

Família: Bignoniaceae.

 

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Figura 1. Flora digital do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Fotógrafo — João Augusto Bagatini. RS, Nova Prata, área urbana.

Sinônimos: Tabebuia alba (Cham.) Sandwith., Tecoma alba Cham.¹.

Nomes populares: ipê-da-serra, ipê-amarelo-da-serra, ipê-amarelo, ipê-mandioca, ipê-branco, ipê-tabaco, ipê-mamona (Lorenzi, 2000).

Tupi-guarani: pronuncia-se “ype”, e significa “árvore com casca grossa”.

Distribuição geográfica:

Sudeste (Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo); Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina)*.

 Tabebuia alba

INCT — Herbário da flora e dos fungos — Handroanthus albus georreferenciados*.

Domínios fitogeográficos: mata atlântica*.

Tipos de vegetação: campo rupestre, floresta ombrófila (= floresta pluvial)*.

Características:

Forma biológica: árvore caducifólia, significa que perde suas folhas antes de florir.

Altura: pode chegar a 30 m.

Tronco: reto, cilíndrico.

Ramificação: simpódica (ramificação que consiste numa série de gemas que se unem num só corpo no eixo central). Copa alta densifoliada, arredondada a umbeliforme (tem a forma de um guarda-chuva) com folhagem discolor característica (Carvalho, 2003).

Casca externa ou ritidoma: é acinzentada, com fissuras longitudinais profundas.

Casca interna: é de cor cinza-rosa a amarelo-esverdeado, textura fibrosa.

Cor da madeira: o alburno é claro e o cerne levemente rosa.

Folhas: são compostas, isso significa que é uma folha cujo limbo foi dividido em dois ou mais folíolos, são opostas (uma de cada lado do ramo) e digitadas (possuem a forma de dedos), com pecíolo (parte que une a folha ao ramo) de 2,5 a 10 cm. Esses folíolos tem a forma de uma elípse pontiaguda (elípticos-lanceolados) e geralmente são em número de 5 a 7, sendo que cada um mede de 7-16 cm de comprimento por 4-9 de largura…, Os folíolos quando jovens são pilosos (tem pêlos) em ambas as faces e quando adultos são glabros (lisos) na face superior e denso tomentosos (pêlos densos) e prateados na face inferior (Lorenzi, 2000). O nome alba refere-se ao tomento branco (pêlos densos) ou esbranquiçado dos ramos novos e folhas, sendo esta a característica deste ipê.

Inflorescências: apresentam-se num eixo principal racemoso (tem a forma de um racemo, racimo ou cacho) que se alonga e se subdivide em vários outros eixos secundários. Mas, o interessante é que esses eixos secundários tem a forma de cimeira, que é uma característica de inflorescência definida e todos terminando em flor (cimosos) com 10 a 20 cm de comprimento, constituindo o que chamamos de tirso multifloral terminal. Tirso multifloral é uma combinação de inflorescência indefinida (racemo) com uma inflorescência definida (cimeira), mostrando o quanto complexa pode ser as combinações que existem na natureza (IPEF).

Flores: amarelas, com 4 a 10 cm de comprimento cada flor.

Fruto: parece com uma vagem (síliqua alongada), cilíndrica, deiscente (significa que caem no chão), amarelo-castanha com 20 a 60 cm de comprimento por 1 a 2 cm de diâmetro, coberta de pêlos dourados, com muitas sementes.

Semente: são aladas (possuem asas), com duas asas membranáceas brilhantes, com 2-3 cm de comprimento e 7-9 mm de largura.

Período de floração: julho-setembro, com a árvore despida de suas folhas (Lorenzi, 2000).

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Período de frutificação: setembro a fevereiro (Marto, 2006).

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Biologia reprodutiva:

Sistema sexual: hermafrodita, significa que encontramos o órgão masculino (androceu) e o órgão feminino (gineceu) na mesma flor.

Vetor de polinização: abelha mamangava (Bombus morio) (Carvalho, 2003). Polinização por abelhas recebe o nome de melitofilia.

Dispersão dos frutos: anemocórica, (feita pelo vento).

Outras utilizações: construção civil, tacos para assoalhos, dormentes, mourões, vigas. Também utilizada em paisagismo.

Alimentação humana: a flor do ipê é comestível.

Apícola: as flores são melíferas, ou seja oferecem pólen e nectar para as abelhas.

Uso medicinal: a infusão da entrecasca tem propriedades diuréticas (Brandão, 1991 in Carvalho, 2003), podendo também ser usada como adstringente, no tratamento de afecções de garganta e estomatites. A madeira possui cheiro e gosto distintos. Segundo Lorenzi, (1992), o cheiro característico é devido à presença da substância lapachol, ou ipeína.

“A descoberta e estudo do lapachol nos fins do século passado, representou um dos episódios mais importantes da história da fitoquímica. O lapachol possui várias atividades terapêuticas como antimicrobiana, antiulcerogênica e antiinflamatória. …, Estudos mais detalhados da atividade anticâncer para alguns tumores sólidos e líquidos o lapachol puro não mostrou atividade efetiva, porém o seu extrato bruto e os seus derivados isolados contidos nos extratos apresentaram…, Estudos farmacodinâmicos recentes apontaram que o lapachol puro pode ser um agente anticâncer oncogene-específico. Com isso reacende a possibilidade do uso do lapachol como agente anticâncer” (Fonseca, 2003).

Referências:

¹Agradecimentos: ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Herbário Virtual da Flora e dos Fungos (INCT-HVFF) que conta com apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

CARVALHO, P.E.R. 2003. Espécies arbóreas brasileiras. Colombo: Embrapa Florestas. v.1.

Consulta web: IPEF – Instituto de pesquisas e estudos florestais. Identificação de espécies florestais nº 63, Tabebuia alba. Disponível em: <http://www.ipef.br/identificacao/nativas/>. Acessado em 30/Mar/2016.

FONSECA, S. G. da C.; BRAGA, R. M. C.; SANTANA, D. P. 2003. Lapachol – química, farmacologia e métodos de dosagem. Rev. Bras. Farm., 84(1): 9-16. Disponível em: <http://www.rbfarma.org.br/files/RBF_V84_N1_2003_PAG_9_16.pdf>. Acessado em 28/Mar/2016.

*Handroanthus in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB114069>. Acesso em: 17 Mar. 2016.

Lohmann, L.G. 2016. Bignoniaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB114069>. Acesso em: 18 Jan.

LORENZI, H. 1992. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum. 382 p..

MARTO, G. B. T.; A craibeira. 2006. IPEF – Instituto de pesquisas e estudos florestais.
Supervisão e orientação do Prof. Luiz Ernesto George Barrichelo e do Eng. Paulo Henrique Müller.
Disponível em: <http://www.ipef.br/identificacao/tabebuia.alba.asp>. Acesso em 25/Mar/2016.

PROCHNOW, M. Ipê amarelo. A cor dourada do Brasil. 2010. Disponível em: <http://www.apremavi.org.br/noticias/apremavi/584/ipe-amarelo-a-cor-dourada-do-brasil>. Acesso em: 2 out 2015.

SOUZA, G. M. 2015. Ipê-amarelo – A flor símbolo do Brasil. Disponível em: <http://magiadailha.blogspot.com.br/2012/04/ipe-amarelo-flor-simbolo-do-brasil.html>. Acesso em: 2 out de 2015.